
Mas afinal o que é o stress?
O stress é uma resposta adaptativa necessária de todas as espécies, em todas as idades e géneros, a uma alteração ou perturbação no meio ambiente e por isso tem perdurado ao longo do processo evolutivo. O termo stress vem do verbo latino stringo, stringere, strinxi, strictum que tem como significado apertar, comprimir, restringir. Assim, quando uma pessoa sente uma “agressão ou uma carga excessiva” desenvolve um estado de tensão e tende a procurar a melhor reação a essa situação indutora de stress. Quando ultrapassa determinados limites e é repetidamente vivenciada pode tornar-se fonte potencial de doença.
As situações indutoras de stress podem ser de natureza física, psicológica ou social. O frio extremo ou o calor excessivo, a privação de alimentos ou a falta de descanso ou de sono por exemplo, são alguns fatores físicos importantes que induzem stress. A existência de uma zanga num relacionamento ou a necessidade de contra-argumentar com um colega ou uma chefia são exemplos de stress psicológico. Quando, a situação é de dependência quer económica quer de outro tipo de recursos trata-se de um fator de stress de natureza social.
Há também características pessoais associadas às experiências vividas por cada um, que na sua história de vida o marcaram de alguma forma e são por isso ocorrências indutoras de stress. Referindo alguns tipos são, por exemplo determinados pensamentos, imagens, sensações ou emoções.
Por vezes estas situações podem acontecer simultaneamente e por isso potenciarem a indução de maior stress. Imagine a seguinte situação: Uma pessoa sente fome numa localidade que conhece, tem dinheiro na carteira e há a possibilidade de ir comer qualquer coisa pois os estabelecimentos estão abertos. Agora veja este outro contexto: São 4h da manhã, está a circular numa estrada desconhecida, chove torrencialmente, está tudo fechado, não tem um mapa nem um GPS e não encontra ninguém na rua. Trata-se de uma situação muito mais ameaçadora, pode pensar para si próprio “Fiz muito mal, não comer nada depois do almoço de ontem. Terminei este projeto, imprimi o documento, enchi o depósito e iniciei a viagem. Já estou sem comer há mais de 12 horas. Ainda para mais não sou reconhecido pelo meu esforço, este é o último trabalho para este cliente e o cliente meu chefe já me deu a entender que se correr mal me vai despedir! Malvada dor de cabeça que não me larga. Quando é que vou matar esta fome? Está mau tempo, não conheço esta zona e não sei quantos quilómetros mais ainda vou ter de viagem”. Como vemos estão presentes vários fatores indutores de stress que são de natureza física, psicológica e até social.
Neste caso os impactos são muito mais negativos, potenciados pela dificuldade de controlar as diversas variáveis e a enorme imprevisibilidade da situação, dificultando encontrar soluções adequadas que satisfaçam as necessidades.
Estas situações que se afastam muito da rotina e das respostas habituais do dia a dia “controlado” exigem uma resposta adaptativa. É nesse momento que o stress surge. Saber como é que eu vou atuar agora. Será que tenho as competências, a experiência e os recursos para ultrapassar a exigência deste desafio? Estou a perder o controlo da situação? Acredito que vai terminar bem?
Se a pessoa sentir que, apesar do estado de tensão provocado, tem capacidade de resposta para lidar com a situação difícil e que daí resulta uma mudança positiva, com efeitos favoráveis para o mesmo, nessa situação falamos do eustress. Este é o bom stress, que nos leva à criatividade, à procura de uma forma melhor de resolver os desafios da vida.
Se por outro lado, o desgaste físico e psicológico for acompanhado da perceção da falta de recursos, incapacidade e sofrimento, com consequências prejudiciais para a pessoa sob stress, então falamos do distress. Este é o mau stress, que nos leva a uma postura mais pessimista e derrotista frente aos nossos problemas e desafios.
O stress é algo que vamos experimentar ao longo da vida e ainda bem. Uma vida sem qualquer tipo de stress, além de não ser possível, pois a adaptação às mudanças é inevitável, é uma vida sem motivação e sem graça. As pessoas motivadas são pessoas que conseguem dosear bem o seu nível de stress e perceber os benefícios da experiência adaptativa. Dessa forma fazem as suas escolhas de modo a aceitar novos desafios pois esse é o caminho para avançar e agir sobre o meio de forma adequada.
Viver com demasiado stress pode ter um grande impacto na qualidade de vida e apresentar uma grande variedade de sintomas:
Sintomas físicos:
Taquicardia
Tensão muscular
Alterações do sono
Disfunções sexuais
Sistema imunitário enfraquecido
Hipertensão
…
Sintomas psicológicos:
Ansiedade
Irritabilidade
Isolamento
Pessimismo frequente
Perturbações da atenção e memória
Entre outros.
Felizmente, há muitas formas de ajudar a aliviar o stress!
Pode solicitar-nos as 101 dicas práticas para lidar melhor com o stress de acordo com as recomendações Mental Health Foundation — United Kingdom
Artigo escrito por
João Mouga Vieira
trainer & coach
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